Épico decadentista

Ora embora nessa depressa, o tempo já se escapa em contagem decrescente...

Vamos lá caminhando em sintonia, com os pés sincronizados de bailarinas russas, vamos pra onde nos der na gana..

Vamos indo marchando, vamos indo rastejando, yupis robóticos deste século.....

Vamos descobrir o que ainda está para vir, mais uma novidade nesta selva hi-tech, parque das indústrias, mundo nosso!

Marabalismos metalizados, contrastes fonéticos, pratos síntetizadores da dor no peito.

Auscultadores colados sempre pegados aos ouvidos nestas viagens urbanas.

Vamos soldados rasos, ponham as armas às costas e toca a prosseguir com a caminhada!

Vamos ficar atentos aos rugidos dos carros que empancam o destino, às tempestades ácidas que corroem abrigos de folhas em betão, aos gangues de hienas armados até aos dentes, aos abutres necrófagos que espreitam pelo cheiro da morte recheado a testamentos, aos crocodilos serpentes escondidos que devoram zebras delgadas numa só investida, perigosos sim, cuidado ainda com os hipopótamos gordos piores que os porcos equipados com guelas supersónicas de ganância, muito cuidado....

Ouçam os resíduos trovoadas que acabam com as águas dos mares, com oceanos de esgotos!

Ouçam a asfixia dos pulmões de amazónias decompostas!

Ouçam os gritos enervantes do solo em que pisamos javardando na imundice!

Ouçam-vos por dentro, Senhores deste deserto, o pulsar do mundo está dentro de todos nós!

Somos todos assaltantes hereditários, os genes são produto daquilo que ousámos ser um dia,

E é de bomba em bomba que vai o vento em popa...

http://www.youtube.com/watch?v=DKbPUzhWeeI&feature=related

How many am I?

Deixei de ser quem era.
Quem quer que fosse não sou mais...
Fui muitas, amplamente distintas na igualdade de ser, mas muitas em cada época e momento.
E de tanto ser o que sou, ou melhor o que fui, cansei-me procurando outra, desmentindo-me a mim mesma!

Sou o que o momento me exige, o que a força consegue, o que da loucura escapa.

Nisso sim sei ser constante, na minha própria inconstância!

Não a abandono talvez porque não queira, talvez queira ser de tudo um pouco nesta vida, ou talvez a questão não seja quereres!

Os dias de ontem passaram-se em réplicas diferentes desta cara.
Amanhã não serei o que sou hoje porque irei aborrecer-me desta aparência estática de um segundo fotográfico ...
Serei ainda muitas outras, tantas quanto os anos o deixarem!
Tudo o que serei irá moldar-se pelos olhos e na crença irei desacreditando-me a passos largos, como de um fanatismo extremo da evidência a um cepticismo no qual tudo põe em causa!
E por entre os opostos vou recriando a outra, aquela que ainda está adormecida, que ainda não brotou à superfície, mas que vai esperando pela sua hora, como criança que sou crescendo, num compasso impecavelmente pontual, sem enganos nos ponteiros!
Fui, sou e serei eu em tantas outras distintas, mas infinitamente iguais por estarem presas ao tempo, num corpo moldado pelos anos, esculpido pelas marés, fruto da Terra que o criou em matéria que nunca deixará de ser!

Para os amigos

Um fernesim de labaredas coloridas

parecendo um espectáculo de um grande circo por onde os risos se entrosam, se descontrolam soltando-se a voz da alegria

Amigos, meus caros amigos do riso nossos, entre os olhares entre cortantes

amigos de festas, amigos de calma, amigos de choro e colo...

Amigos de chama quente, de brisas novas

Um todo sem fim de tudo

Um tudo contínuo de alma

São sopros de novas praias

Rumos e rumos de sonhadores distantes que connosco comungam nas palavras!

Whatch out!

Cuidado animal!

Vê o chão por onde pisas, não poises os teus pés na areia movediça....

Cuidado forasteiro, cuidado que ainda te podes perder pelo caminho e não encontrares mais o teu rumo de volta!

Vê o que é e não o aquilo que parece, pois não mordas o cordel que te põem o ançaime!

A besta parece-te mansa?

Experimenta-a...

Vais gostar que te suguem a réstia de calma que guardas em ti!

E seja bem vindo novo mundo!

Pois sejam todos bem vindos à guerra

Preparem as vossas metralhadoras que eu cá tenho mísseis!

Não querem guerra?

Não querem acção?

Não querem brincar aos pseudo heróis?

Talvez encarem o Homem Aranha!

Eu cá prefiro o Bin Laden, sempre é mais eficiente!

Atirem, não esperem que eu deixo sempre mandarem os primeiros socos!

http://www.youtube.com/watch?v=iwOMiR4LJkA&feature=related

Em segredo

Aqui e agora,

só mais um segundo de espera, um prolongamento no espaço, só mais um cheirinho a despedida...

Não! Nem um, nem dois, nem menos....

Nem mais um movimento que provoque!

Deixa-te ficar inerte, na intemporalidade do momento!

Pega no pincel e tinta fresca e desenha este retrato na tua tela,

lembrando-te que dele irão restar eternidades desconhecedoras da nossa cumplicidade,

mas nós saberemos do que estamos a falar...

Mesmo que em silêncio!

Iremos voltar no tempo tantas e quantas vezes o quisermos,

hoje mesmo, tal como fizemos ontem.

Basta olhá-lo nas sombras que escondemos em segredo!

Por onde andamos

Há quem se encontre de perto e queira o retiro de um monge, como se da vida só restasse um sufoco.

Há quem se encontre tão longe chegando a tocar a realidade que quer, ainda que só em sonhos, mas vive!

Há quem se encontre no meio, entre o querer e não querer,

Entre as baladas de um anjo e um grito que nos arrasta as pernas!

Entre a fé de um amanhã sem medo e um mundo de tormenta!

Por entre os caminhos, há quem vislumbre um Deus, um profeta, uma crença...

Outros encontraram presságios danados por se cumprirem à espera do dia do juízo

Há ainda quem ande perdido e percorra cada etapa conforme as luas, conforme as marés....

Levantando a espada e deixando-se cair em poças de sangue jorrado de ontem e de um calafrio doloroso de amanhã

Entre antagonismos vamo-nos movendo, feito pobres e mendigos,

Feito reis e senhores, temendo que nos rasguem as calças,

E de cair do pedestal por onde andamos!

A tabacaria

http://www.youtube.com/watch?v=de5RmUq-NL8&feature=PlayList&p=0376E98ACF27FDCD&index=9


Ouçam as palavras do génio que fazem pensar até quem não o faz!

Lisboa

É por entre as ruelas e becos de Lisboa que soam os sinos da glória

dos tempos que mudam sem mudar,

continuam a haver as velhotas de avental a vender fruta e flores.

E os bairros tão pequenos são aldeias em que todos se conhecem em que todos são tudo e todos de fofocas!

Em plena luz de miradouros as gaivotas passam e fazem-nos sonhar do alto,

com os senhores das violas que ambientam o cenário!

As tascas velhinhas e porcas, os velhos alcoólicos sem dentes, as prostitutas do cais do sodré, do intendente ou de monsanto....

E os eléctricos amarelinhos que parecem partir-se em cada viagem, meu deus os turistas devem temer...

O Tejo que nos mostra a outra margem de onde vão e vêm todos os dias milhares de passageiros, carregados do suor de um dia inteiro e de olheiras fundas de quem não tem descanso!

E a Lisboa de hoje mistura-se com a cor do café dos negros, com o tom mel dos indianos, com os olhos rasgados dos chineses, e com mil turistas que por aqui passam e se encantam!

O bairro alto, o castelo, a baixa das comprinhas e das tardes solarengas passadas a contar histórias de ontem e desejos futuros,

a praça do comércio imperial em sua grandeza!

Os veleiros agora embarcações de gigantes malandros que viajam pelo mundo

e alguns pescadores ainda se sentam à beira do caís passando assim a álvorada até ao anoitecer...

Amanhã é outro dia de trânsito que impesta os pulmões,

de gentes com rostos novos interessantes!

E do mendigo ao empresário,

da empregada de vão de escada à melhor das advogadas,

tudo se conjuga, numa harmonia sinfónica criada neste país delinquente de quem não quer fazer nada ou de quem faz tudo só pelo gosto de sonhar!

pull up the people pull up the poor

Quero

Paranóia é isso que sinto aqui sentada
esperando alguma acção de mim um simples movimento,
um simples impulso que quebre a rotina apática.

Quero ir pra longe destas grades onde me escondo e descobrir algo que não este tédio,
quero andar sobre as montanhas inóspitas, sobre oceanos profundos e vales desertos.
Quero voar por entre os universos que ainda desconheço em mim

Quero sentir, sim sentir paixão, que me desperte!
Quero ser toda iluminada, como quem chega ao cume e olhe pró céu e veja a sua imagem!
Quero ser santa revoltada, fazer diferença!

Quero, quero, quero.........
Quero ser quero, posso e mando,
ser tirana de mim mesma!

Que volte a doce revolta para que se apodere de mim....
e serei raios e trovões,
nevões e tempestades
vulcões e terramotos!
Quero ver a fúria que trago ao peito vibrar mais uma vês e ser leoa que sou caçando presas!

Thank you M.I.A.
http://www.youtube.com/watch?v=8wmJSwvhnjA&feature=related

slow like honey

http://www.youtube.com/watch?v=lzQm-7SvbBY&feature=PlayList&p=DC8A9D5661C754BC&playnext=1&playnext_from=PL&index=82

You moved like honey in my dream last night
Yeah, some old fires were burning
You came near to me and you endeared to me
But you couldnt quite discern me

Does that scare you?
Ill let you run away
But your heart will not oblige you
Youll remember me like a melody
Yeah, Ill haunt the world inside you

And my big secret - gonna win you over
Slow like honey, heavy with mood

Ill let you see me,
Ill covet your regard
Ill invade your demeanor
And youll yield to me like a scent in the breeze
And youll wonder what it is about me
Its my big secret - keeping you coming
Slow like honey, heavy with mood

Though dreams can be deceiving
Like faces are to hearts
They serve for sweet relieving
When fantasy and reality lie too far apart

So I stretch myself across, like a bridge
And I pull you to the edge
And stand there waiting
Trying to attain
The end to satisfy the story
Shall I release you? Must I release you?
As I rise to meet my glory

But my big secret
Gonna hover over your life
Gonna keep you reaching
When Im gone like yesterday
When Im high like heaven
When Im strong like music

cuz Im slow like honey, and
Heavy with mood

Acima do Mundo

Encontro os pensamentos das gentes que fui, que sou e que ainda irei ser,

as esplanadas de Verão com o calor dos ventos refrescados pela imperial,

os risos nos rostos de quem goza a vida, querendo agarrar as mil passagens por onde anda.

Os encontros fortuitos que revelam a maior das belezas, das almas que dançam ao mesmo som que nós próprios.

As noites de luar em que tudo, absolutamente tudo é possível ao imaginarmo-nos num degrau acima do mundo,

descobrir a maravilha do ser que é ser por ele próprio,

que vive e que respira sem intenção de ser, apenas o é ele mesmo.

Algo de calmo encontro nas histerias das histórias de uma noite,

nos momentos de conversa sem intenção,

no brilho que é dado por Deus tão diferente em cada um!

Aí o mundo ultrapassa-me,

aí vêm as tempestades de aventura delirantes,

aí vem a metafísica que encanta os Deuses,

aí por onde me perco, é sempre onde me encontro!

E em tanta fantasia vou descobrindo a sua verdade!