quinta-feira, 4 de junho de 2009

Lisboa


É por entre as ruelas e becos de Lisboa que soam os sinos da glória

dos tempos que mudam sem mudar,

continuam a haver as velhotas de avental a vender fruta e flores.

E os bairros tão pequenos são aldeias em que todos se conhecem em que todos são tudo e todos de fofocas!

Em plena luz de miradouros as gaivotas passam e fazem-nos sonhar do alto,

com os senhores das violas que ambientam o cenário!

As tascas velhinhas e porcas, os velhos alcoólicos sem dentes, as prostitutas do cais do sodré, do intendente ou de monsanto....

E os eléctricos amarelinhos que parecem partir-se em cada viagem, meu deus os turistas devem temer...

O Tejo que nos mostra a outra margem de onde vão e vêm todos os dias milhares de passageiros, carregados do suor de um dia inteiro e de olheiras fundas de quem não tem descanso!

E a Lisboa de hoje mistura-se com a cor do café dos negros, com o tom mel dos indianos, com os olhos rasgados dos chineses, e com mil turistas que por aqui passam e se encantam!

O bairro alto, o castelo, a baixa das comprinhas e das tardes solarengas passadas a contar histórias de ontem e desejos futuros,

a praça do comércio imperial em sua grandeza!

Os veleiros agora embarcações de gigantes malandros que viajam pelo mundo

e alguns pescadores ainda se sentam à beira do caís passando assim a álvorada até ao anoitecer...

Amanhã é outro dia de trânsito que impesta os pulmões,

de gentes com rostos novos interessantes!

E do mendigo ao empresário,

da empregada de vão de escada à melhor das advogadas,

tudo se conjuga, numa harmonia sinfónica criada neste país delinquente de quem não quer fazer nada ou de quem faz tudo só pelo gosto de sonhar!

1 comentário:

  1. E Carlos do Carmo diria:

    “(...) Lisboa menina e moça, menina
    Da luz que os meus olhos vêem, tão pura
    Teus seios sãos as colinas, varina
    Pregão que me traz à porta ternura
    Cidade a ponto luz bordada
    Toalha à beira mar estendida
    Lisboa menina e moça e amada
    Cidade mulher da minha vida
    Lisboa do amor deitada
    Cidade por minhas mãos despida
    Lisboa menina e moça e amada
    Cidade mulher da minha vida”.

    E tu, em Belém, acabas-te por me mostrar que apesar de tudo isto, amanhã, "aquele banco do jardim" lá estará, de novo, à nossa espera...saudades.

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